domingo, 1 de novembro de 2009

BWV 637 - Durch Adams Fall ist ganz verderbt

1.
Durch Adams Fall ist ganz verderbt
Menschlich Natur und Wesen,
Dasselb Gift ist auf uns errebt,
Daß wir nicht mocht'n genesen
Ohn' Gottes Trost, der uns erlöst
Hat von dem großen Schaden,
Darein die Schlang Eva bezwang,
Gotts Zorn auf sich zu laden.

1.
A queda de Adão pôs tudo a perder
O Ser e a Natureza do Homen,
Esse Veneno que nos infectou,
E não podemos nos curar
Sem o Amparo de Deus, que há nos livrado
Do grande Dano,
Com que a Serpente a Eva dominou,
Tomando sobre si a Ira de Deus.

2.
Weil denn die Schlang Eva hat bracht,
Daß sie ist abgefallen
Von Gottes Wort, welchs sie veracht,
Dadurch sie in uns allen
Bracht hat den Tod, so war je Not,
Daß uns auch Gott sollt geben
Sein lieben Sohn, der Gnaden Thron,
In dem wir möchten leben.

2.
Pois quando veio sobre Eva a Serpente
Para que fosse caída
Da Palavra de Deus, por ela traída,
Então a nós todos
A Morte ela trouxe, assim seria eterno o Luto,
E por isso Deus concedeu
Seu amado Filho, o trono da Graça,
No qual podemos viver.

3.
Wie uns nun hat ein fremde Schuld
In Adam all verhöhnet,
Also hat uns ein fremde Huld
In Christo all versöhnet;
Und wie mir all durch Adams Fall
Sind ewigs Tods gestorben,
Also hat Gott durch Christi Tod
Verneut, was war verdorben.

3.
Assim como agora por uma alheia Culpa
Em Adão somos escarnecidos,
Temos também por uma alheia Graça
Em Cristo somos perdoados,
E como pela queda de Adão
Foi-me a Morte eterna imputada,
Também Deus pela Morte de Cristo
Foi renovado quem estava na perdição.

4.
So er uns deen sein Sohn geschenkt,
Da wir sein Feind noch waren,
Der für uns ist ans Kreuz gehenkt,
Getöt, gen Himmel g'fahren,
Dadurch wir sein von Tod und Pein
Erlöst, so wir vertrauen
In diesen Hort, des Vaters Wort,
Wem wollt vor Sterben grauen?

4.
E a nós com seu Filho agraciou,
Pois nós inda seus Inimigos éramos,
Que por nós foi na Cruz pendurado,
Morto, ao Céu conduzido,
Para que fôssemos por sua Morte e Penar
Libertados, assim nós cremos
Nesse refúgio, a Palavra do Pai,
Quem há de temer a Morte?

5.
Er ist der Weg, das Licht, die Pfort,
Die Wahrheit und das Leben,
Des Vaters Rat und ewigs Wort,
Den er uns hat gegeben
Zu einem Schutz, daß wir mit Trutz
An ihn fest sollen glauben,
Darum uns bald kein Macht noch G'walt
Aus seiner Hand wird rauben.

5.
Ele é o Caminho, a Luz, a Porta,
A Verdade e a Vida,
O Conselho do Pai e eterna Palavra,
A nós ele foi concedido
Como um Protetor, para que com Fervor
Nele firmes haveremos de crer,
Para que a nós nenhuma Força ou Poder
De sua Mão nos venha a roubar.

6.
Der Mensch ist gottlos und verflucht,
Sein Heil ist auch noch ferne,
Der Trost bei einem Menschen sucht
Und nicht bei Gott dem Herren;
Denn wer ihm will ein ander Ziel
Ohn' diesen Tröster stecken,
Den mag gar bald des Teufels G'walt
Mit seiner List erscheken.

6.
O Homem é sem Deus, amaldiçoado,
Sua Salvação está inda distante,
O Amparo do Homem ele busca
Não junto de Deus, no Senhor;
Então quem outra Meta
Sem este Consolador quer fixar
Pode logo de pronto o Poder do Diabo
Com sua Malícia abismar.

7.
Wer hofft in Gott und dem vertraut,
Wird nimmermehr zu Schanden;
Denn wer auf diesen Felsen baut,
Ob ihm gleich geht zuhanden
Wie Unfalls hie, hab ich doch nie
Den Menschen sehen fallen,
Der sich verläßt auf Gottes Trost,
Er hilft sein Gläub'gen allen.

7.
Quem espera em Deus e nele confia,
Não há jamais de sofrer Opróbrio;
E quem sobre estas Pedras edifica,
É como se por ele fosse cuidado
Quando vem o Infortúnio, jamais vi
Tais Homens caírem,
Quem se fia do Amparo de Deus,
Em tudo ele ajuda seus Crentes.

8.
Ich bitt o Herr, aus Herzensgrund,
Du wollst nicht von mir nehmen
Dein heilges Wort aus meinem Mund,
So wird mich nicht beschämen
Mein Sünd und Schuld, denn in dein Huld,
Setz ich all mein Vertrauen;
Wer sich nur fest darauf verläßt,
Der wird den Tod nicht schauen.

8.
Peço, ó Senhor, do Fundo do Coração,
Não hás de tirar de mim
Tua santa Palavra de minha Boca,
Para que não me envergonhem
Meu Pecado e Culpa, então em tua Graça,
Deponho toda minha Confiança;
Quem nisto apenas firme se fia,
Não há de a Morte conhecer.

9.
Mein Füßen ist dein heilges Wort
Ein brennende Luzerne,
Ein Licht, das mir den Weg weist fort;
So dieser Morgensterne
In uns aufgeht, so bald versteht
Der Mensch die hohen Gaben,
Die Gottes Geist den g'wiß verheißt,
Die Hoffnung darein haben.

9.
Para meus pés tua santa Palavra
É uma brilhante Lanterna,
Uma Luz, que a mim aponta o Caminho;
Assim esta Estrela da Manhã
A nós sobreveio, tão logo entenderam
Os Homens as altas Dádivas,
Que o Espírito de Deus decerto prometeu,
A Esperança por isso as tem.

O texto de Lazarus Spengler foi publicado em 1524, sendo associado com hinos de penitência. A melodia foi publicada pela primeira vez com o texto em 1535, mas há indicações de que é ainda mais antiga.


Stinson: “Qualquer que seja o caso, o verdadeiro simbolismo da obra repousa em seu contraponto e sua linguagem harmônica não ortodoxos. Outros corais do ORGL podem apresentar tantas notas cromáticas, mas em nenhuma parte o cromaticismo é manipulando de forma tão ousada. (...) Em “A queda de Adão”, por outro lado, notas cromáticas dissonantes são aproximadas tanto por saltos (note-se as muitas sétimas diminuídas e tríades) como por passos e a dissonância é freqüentemente deixada sem solução. Com a exceção da famosa harmonização de “Es ist genung” (BWV 60/5), citada por Berg em seu concerto para violino, não há outro arranjo coral que se aproxime de tal nível de cromaticismo e dissonância” (pág 97).

Williams: “O baixo quebrado é não somente uma alegoria de ‘queda’, mas também um bom exemplo da figura retórica ‘tmesis’, servindo, em suas pausas, para exprimir o efeito ‘suspirans animae’, nas palavras de Athanasius Kircher. A queda da sétima (saltus) produz uma quase irremediável série de tropeços ou quedas – uma queda que expressa o dogma luterano do pecado original enquanto o constante cantus firmus expressa a confiança em Jesus expressa em outras partes do texto. É possível que a mudança maior/menor inerente ao motivo ‘b’ refira-se ao ‘verderbt’ e as frase cromáticas à serpente do sétimo verso;” (pág 88).

Nenhum comentário:

Postar um comentário