quarta-feira, 4 de maio de 2011

Estilo fantástico

O artigo é Friedhelm Krummacher, "Música livre de Bach para o órgão e o Estilo Fantástico" (Bach’s Free Organ Music and the Stylus Phantasticus). De forma geral, ele procura definir a exata importância do chamado estilo fantástico para a análise das obras de Bach:

“O balanço entre elementos contrastantes alcançado na música livre para órgão de Bach pode ser atribuído a duas faces da mesma moeda: o desenvolvimento contínuo das obras e equilibrado pela livre alternância de contrastes. A completude estrutural e a liberdade da fantasia que se apresentam na música de Bach para o órgão são igualmente importantes, posto que são mutuamente dependentes. A arte de Bach corresponde pouco à livre fantasia, na medida em que evolui do molde clássico, ou ao conceito de stylus phantasticus, como proclamado pela teoria contemporânea."

Ainda assim a música de Bach revela um débito inegável com a toccata ‘fantástica’. Esta tradição permaneceu ativa, mesmo quando Bach dela se distanciou pela extrema concentração de sua obra. Sua versátil habilidade fez a relação com esse estilo visível. Se desejamos reproduzir essa habilidade, então devemos desistir da norma histórica, que pode apenas gerar apenas uma performance correta. Nenhuma performance padrão está disponível para Bach. O intérprete acadêmico e artístico da música de Bach para o órgão deve levar em conta essa dificuldade” (págs 169-170).

Dicas de Marie Claire Alan

Marie-Claire Alan, "Porque o conhecimento de órgãos antigos é essecial para tocar Bach"


1. Um órgão antigo nunca deve ser difícil de tocar. Se é, as razões são alguma restauração mal conduzida ou falta de vontade de abandonar '130 anos de ação elétrica e pneumática'. O músico deve aprender de novo a fazer música com os dedos;

2. O uso do 'fingering' antigo é uma necessidade, boa posição de mãos e pés sempre resulta em performance confortável;

3. Deve-se buscar, sem experimentalismos, o registro adequado a cada peça. Se o plenum basta, deve-se ficar nele.

4. Para entender o uso dos registros por Bach deve conhecer o mais possível os órgãos usados ou conhecidos por ele.

"Devemos tocar instrumentos antigos para ganhar em autenticidade. Mas quando é combinada com o prazer ganho em escutar em nossos dedos o brilho de um Schnitger ou a transparência luminosa de um Silberman, não é mais uma questão de obrigação. É uma questão de prazer... " (págs 51-53).

domingo, 1 de maio de 2011

Definindo uma influência importante

Christoph Wolff. "Johan Adam Reinken and J.S. Bach: Sobre o contexto das primeiras obras de Bach".

Aqui temos uma bela e inteligente peça de scolarship bachiana, típica do engenho do Wolff. Com duas evidências, uma antiga e outra nova, ele desenha um quadro diferente para as influências na obra da juventude de Bach. Canônicamente, como se sabe, o ponto central é sempre a obra organística de Buxtehude.

Tomando como ponto de partida uma reavaliação da datação de várias obras para órgão e teclado, transferidas dos anos 1720 para os anos 1710, ele mostra como seu estilo as aproxima do corpus conhecido de Reinken. Por sinal, essas mesmas obras são o veículo de transmissão de vários temas e motivos de Reinken.

Com essa nova peça de evidência, ele põe em outra luz uma antiga: os vários contatos pessoais de Bach com Reinken, desde a mera visita a Hamburgo para ouvi-lo tocar até o intercâmbio de homenagens em torno do coral sobre "Sôbolos rios da Babilônia".

Uma comparação, por sinal, que mostra não apenas os avanços da música de Bach com relação ao modelo, mas como essa maturidade na escrita fugal é muito anterior ao que se supunha.