sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A presença da França

O artigo de Victoria Horn. "A influência francesa nas obras de Bach" é um exame breve da exata influência francesa na obra do Mestre, confessa em vários depoimentos de seus filhos, na coleção de obras musicais em sua biblioteca e no contato com a música francesa nas cortes de Celle e de Weimar.

Horn nota que, apesar de todas essas conexões, a influência francesa é bem mais tênue e específica do que o impacto da música italiana. Uma série de exemplos da produção organística de Weimar permite que Horn detecte alguns aspectos importantes:

1. Elaboração das vozes médias nas harmonizações em cinco partes;

2. Uso de recursos típicos de obras francesas para teclado, como o estilo 'brisé';

3. Uso de contrastes tonais fortes no registros do órgão, o que permite sugerir que, na falta de indicações, seria possível, para a execução, supor formas francesas para a escolha dos registros.

"Quanto às obras em si mesmas, não há razão para esperar que a música de Bach se conforme a um estilo tão diferente do seu. Bach não era francês, nem estava fazendo exercícios de imitação. Quando fez uso dos elementos musicais franceses, eles foram completamente retrabalhados para servir aos objetivos da peça em questão. Os meios pelos quais ele realizou esse objetivo pode oferecer uma visão de sua estética composicional e é nesse nivel que o assunto dever ser analisado." (págs 236-237).

"O uso da linguagem musical francesa por Bach é altamente seletivo; elementos do estilo francês são misturados com características italianas e bachianas. Portanto, seria incorreto tratar uma das linhas melódicas de Bach com uma articulação 'inégal', por exemplo, meramente porque ocorre em uma peça com uma textura em cinco partes. Essa decisão deve ser tomada com base no material melódico e no papel que ele desempenha na composição como um todo. Ou seja, tais escolhas são melhor feitas após estudar a peça como uma obra de Bach e não como uma peça francesa" (pág 271).


(in George Stauffer e Ernest May. J.S. como Organista. Seus instrumentos, música e performance. Bloomington, Indiana University Press, 1986.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário